EMANUEL GUARANI KAIOWÁ
CONTAGEM, 2013
A ocupação Emanuel Guarani Kaiowá está localizada no bairro Ressaca, em Contagem, próximo a Belo Horizonte. Ela foi organizada pelas Brigadas Populares e começou em 9 de março de 2013, num terreno particular vago há várias décadas.
A ocupação envolveu 143 famílias que moravam de aluguel ou em casas de parentes e amigos numa favela próxima, a Vila Pérola. Algumas dessas famílias já haviam participado de uma tentativa anterior de ocupação do mesmo terreno no início de 2012, mas foram despejadas logo no início.
A partir do contato com as Brigadas Populares, reuniram-se alguns militantes e moradores da região interessados numa nova tentativa de ocupação. Alguns dos advogados do movimento social entraram em contato com a ASF para averiguar a descrição de um registro de imóvel em Contagem. Fizemos uma rápida verificação do local pelo Google Earth, atestando a situação do terreno nos dez anos anteriores. Em novembro de 2012, os mesmos advogados pediram para fazermos juntos uma visita ao local. O papel desempenhado pela ASF nessa fase inicial foi de avaliação urbanística e ambiental preliminar do terreno e de estimativa da quantidade de famílias que poderiam ser atendidas, tendo em vista a legislação urbanística e ambiental.
A preparação da ocupação levou nove meses. Foram realizadas reuniões semanais para discutir as motivações políticas, as estratégias de resistência, a organização interna da futura comunidade e as formas de obter apoio externo e visibilidade. Participamos de algumas dessas reuniões no início de fevereiro de 2013, para esclarecer questões técnicas.
Formado o assentamento provisório em março de 2013, foi iniciada a elaboração do plano urbano para a ocupação de todo o terreno. Para a discussão e a construção da proposta foram utilizadas maquetes, desenhos e croquis. Os resultados das reuniões eram apresentados aos moradores nas assembleias.
O primeiro estudo parcelava o terreno em 106 lotes de 125 m², os quais seriam agrupados em lotes coletivos para grupos de 15 a 22 famílias. Cada lote coletivo seria atravessado por uma via de acesso aos lotes individuais, numa solução semelhante às utilizadas em vilas operárias no inicio do século XX. Depois de uma semana de trabalho, esse estudo foi apresentado em assembleia e aprovado de imediato. Porém, a apresentação do plano urbanístico também contribuiu para a construção de uma certeza em relação à permanência na área, aumentando ainda mais a pressão sobre a coordenação, que considerou que um maior número de famílias daria mais visibilidade à ação e favoreceria a negociação com o poder público.
Sendo assim, foi necessário aumentar o número de lotes. Um novo estudo foi elaborado, chegando a 143 lotes de 94 m². A disposição de lotes coletivos e individuais continuou semelhante à do plano anterior. A ausência de levantamento topográfico e a impossibilidade de fazê-lo exigiu diversos ajustes do plano urbano durante a demarcação, proporcionando uma experiência diferente de projeto. Em alguns momentos já não se tratava de um projeto pensado a priori, mas de uma configuração de soluções buscadas por moradores e arquitetos à medida que era necessário.
Parceiros:
Alessandra Guimarães, Ana Beatriz Corrêa, Ana Carolina Soares Loures de Jesus, André Inoue, André Luiz Goes e Silva, Bruno Giacomini Nogueira Coelho, Camila Bastos, Carina Guedes, David Narvaez Meireles, Érica Coelho Espeschit, Érico de Oliveira e Silva, Fernando Soares, Gilvander Moreira, Greg Andrade, Iara Almeida, Igor Guelfo, Ingrid Morais, Joviano Mayer, Julia Carvalho, Laís Grossi, Larissa Vilela, Maiara Luchi Camilotti, Marcelo Duarte, Marcelo Lage, Margarete Maria de Aráujo Silva, Maria Clara Cerqueira, Mariana Rodrigues Santos, Mateus Jacob, Núria Manresa, Paola Galvão, Rafael Bittencourt, Sarah Kubitschek, Silke Kapp, Thomaz Yuji Baba, Tiago Castelo Branco Lourenço
Premiações:
Trabalho selecionado para exposição na 10ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 2013.
Imagens:
Ana Carolina Soares Loures de Jesus, Bruno Giacomini Nogueira Coelho, Marcílio Gazzinelli, Mateus Jacob e Tiago Castelo Branco Lourenço
Maquete:
Bruno Giacomini Nogueira Coelho, Diego Fonseca, Tiago Castelo Branco Lourenço, Warley Wilson da Silveira e moradores da Comunidade Emanuel Guarani Kaiowá