MATERIAIS PRODUZIDOS
Alunas: Priscila do Carmo Melo Rodrigues e Tatiana Aparecida da Silva
Relatório de experiências ATHIS
INTRODUÇÃO
O meio ambiente pode ser definido como o conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, e incluem desde a vegetação até a atmosfera. O mesmo também pode ser compreendido como o conjunto de recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima. Atualmente nosso planeta tem vivido o colapso desse sistema por causa das ações desenfreadas do ser humano, pois a preservação do mesmo depende da sensibilização dos indivíduos de nossa sociedade (GONÇALVES, 2010).
A poluição de rios urbanos ocorre tanto pela deposição de esgoto doméstico em áreas em que não existe saneamento, nas quais o esgoto a céu aberto vai parar nos cursos d'água, quanto pelo direcionamento inadequado das tubulações dos sistemas públicos. Com isso, além do mau cheiro que se apresenta como características marcantes desses locais ficam também os prejuízos relacionados com a morte de espécies, o consequente desequilíbrio ecológico e a inutilização econômica das águas, recurso que está tão escasso em algumas partes do país.
Durante todo o processo de urbanização da cidade de Belo Horizonte, a administração municipal mostrou-se indiferente quanto às questões relacionadas aos córregos e ribeirões, e cada vez mais, apenas tentando esconde-los e por fim transformá-los em avenidas e ruas, pois desde o início da construção da cidade, viram a possibilidade de depositar o esgoto urbano nessas áreas.
E dentro deste conceito através de um trabalho de educação ambiental proposto pela educadora Roseli Correia, na Escola Municipal Adauto Lucio Cardoso (Ver figura 1). Iniciou-se o Núcleo Capão, que após alguns anos uniu suas forças a Associação de Moradores do Bairro Lagoa, com a coordenação de “Dona Glorinha”. A primeira proposta surgiu em envolver as escolas locais com educação ambiental, e após um período o núcleo conseguiu apoio do Projeto Manuelzão para levantamento de dados de geoprocessamento da área. Mas só em 2013 com a assessoria técnica da estagiária do curso de geografia, Gabriele, foi que os trabalhos de reconhecimento da área de 16.000m² e os afluentes da bacia do capão, foram catalogados e apresentados a núcleo, já que antes eram de total desconhecimento dos mesmos. (ver figura 2)
figura 1 : Alunos da Escola Adauto Lucio Cardoso
figura 2 : Expedição do Núcleo Capão conhecendo Capão
No ano de 2016, foi apresentado pela agora Arquiteta e Urbanista Priscila Melo, seu trabalho final de graduação, o mesmo buscou apresentar uma análise sobre o processo de ocupação e uso do solo dos fundos de vale na cidade de Belo Horizonte, e como o mesmo tem tratado com descaso essas regiões, buscando expressar que já é do conhecimento de nossa sociedade que um dos principais problemas socioambientais da atualidade é a crescente degradação e desvalorização dos cursos d'água, tal ação compreende não somente o funcionamento do curso natural da cadeia alimentar, más também a qualidade da água e a oferta de água potável.
Mediante estudo, foi possível identificar que no contexto da região de Venda Nova, essas situações estavam presentes e gerando um cenário de degradação significativa, por outro lado entendeu-se naquele momento que a região objeto do estudo, mais especificamente no entorno dos bairros Céu Azul, Piratininga, Lagoa e Lagoinha, possuíam um grande potencial para serem reestruturados a partir da requalificação da área do Córrego Capão (ver figura 3).
figura 3 :Imagem aérea de localização do Córrego do Capão
Fonte:Imagem adaptada por Priscila Melo do Google Earth. Acesso em 10 mar. 2016 (Obs.: Informações obtidas pela análise da imagem do Google Earth)
Durante o presente projeto de pesquisa, percebeu-se a necessidade de conhecer mais a fundo a realidade do local. E desde então, o Núcleo Capão, juntamente com a Associação de Moradores do Bairro Lagoa, vem realizando diversas ações como: criação de jardins urbanos (ver figura 4 e 5), rua de lazer com as crianças (ver figura 6), mutirões de limpeza (ver figura 7), plantio de mudas nativas. As ações aconteciam com a convocação da comunidade.
Conseguindo novas parcerias como: Lideranças da Comunidade, SLU com equipe e ferramental, Borracharia do bairro fornecendo os pneus usados, para que estes não fossem descartados no leito do córrego, Comissão de saúde do lagoa (Controle de Zoonose e Centro de Saúde Lagoa) e Grupo de Grafiteiros.
figura 4 e 5: Implantação de jardins Urbanismo
antes
depois
figura 6: Implantação de jardins Urbanismo
figura 7: Mutirões de Plantio e Limpeza
CONCLUSÃO
O curso de “Assessoria” e “Assistência” Técnica para Habitação de Interesse Social, nos fez perceber de quanto é importante a participação social de nós Arquitetas Urbanista em construções de pequena escala, enxergar a cidade de baixo para cima e não de cima para baixo. Que por diversas vezes por interesses de uma sociedade capitalista projetamos para uma pequena parcela da nossa sociedade.
Conhecemos projetos, movimentos que acontecem com a organização de associação de moradores ou grupo de moradores que podem servir como iniciativas e adequação para novos projetos. Aprendemos também que a autoconstrução resolve problemas simples de arquitetura, criativa e objetiva, sem a participação de arquitetos, mas com todo o respeito a arquitetura e ao planejamento urbano.
Problemas que a população enfrenta todos os dias, em grandes cidades que crescem rapidamente de forma irregular juntamente com a desigualdade social.
Visitamos áreas degradadas, imóveis esquecidos pelo poder público ou por falta de planejamento. A comunidade ocupa em espaços e as transformam em lugares que promovem bem-estar, e recuperam reforço da ação comunitária, desenvolvimento das habilidades pessoais, saúde, cultura, educação, estimulando a autonomia e o empoderamento.
E como tudo isso exige de nós Arquitetos Urbanistas uma reflexão e uma responsabilidade de exigir e lutar junta a comunidade pelo direito de um serviço que é garantido por lei e gratuito ás famílias de baixa renda.