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MATERIAIS PRODUZIDOS

Alunas: Julia Ramos e Fernanda Nobre

Relatório final do curso ATHIS

 

Problemas urbanos como déficit habitacional, gentrificação e falta de infraestrutura na Região Metropolitana de Belo Horizonte são latentes, e por isso configuram questões exaustivamente discutidas, pelo menos dentre Arquitetos Urbanistas e estudantes da área. É notável, inclusive, a existência de diversos grupos multidisciplinares que lidam com essa situação na prática, e assumem o papel de assessoria técnica para enfrentar essa desigualdade socioespacial na RMBH. No entanto, sistematizar as estratégias e desafios da atuação nesse âmbito trata-se de uma tarefa complexa, uma vez que cada grupo tem uma atuação específica.

Nesse contexto, o curso ATHIS: Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social, serviu como um mediador para apresentar um panorama das experiências existentes de assessoria, contribuindo para reforçar a singularidade de cada trabalho e destacar possíveis metodologias de abordagem. Conhecer a atuação de grupos como MLB, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Arquitetura na Periferia, entre outros, consolidou a ideia de que cada público tem uma demanda e um perfil, e por isso requer diferentes ferramentas de comunicação e métodos de atuação profissional.

Ao mesmo tempo, o panorama diverso demonstrou pontos em comum entre os casos, o que ajudou a estabelecer algumas diretrizes pertinentes a essa área de trabalho. Uma percepção importante foi entender o arquiteto urbanista como interlocutor, e não criador. Ou seja, muitas vezes somos demandados para estabelecer um diálogo com o estado, lidando com questões burocráticas, e procurando realizar decisões já estabelecidas pela comunidade. Isso significa que nem sempre somos os donos das ideias, mas sim conselheiros ou executores.

A busca por formas de financiamento, buscando editais e programas de suporte ao público de interesse social, por exemplo, se mostrou como uma grande demanda para a assistência técnica em todos os contextos apresentados ao longo do curso. Os recursos públicos são, sem dúvida, um grande desafio, principalmente porque são disponibilizados de maneira intermitente, oscilando com o momento político, o que enfraquece e desestabiliza os movimentos. No entanto, foi interessante perceber que é possível ter sucesso mesmo com todas as dificuldades, e que faz parte da luta entender o ritmo de desenvolvimento de cada projeto.

Outra reflexão pertinente nessa área é a importância de facilitar a comunicação, criando ferramentas de linguagem que agregue as pessoas, e não exclua. O trabalho de ATHIS lida com público de baixa renda, excluído da sociedade formal, e que pertence a realidades socioculturais diversas. Sendo assim, uma parte relevante do trabalho com assistência é garantir que as pessoas tenham voz, sejam escutadas e representadas. Não existe uma regra para quando é mais adequado o uso de maquete, jogos, mapas colaborativos ou a simples conversa, mas é indispensável que as decisões sejam reflexo de uma decisão coletiva, e não hierarquizada.

Por fim, foi percebido como estratégia de organização dentro das iniciativas de assistência a criação de GT’s, subgrupos de trabalho que lidam com as diferentes frentes, tais como a divulgação, o financeiro, a comunicação, o planejamento, a execução de obras e etc. É essencial dividir as forças para garantir que ninguém fique sobrecarregado e que as pessoas possam contribuir na área de maior interesse ou aptidão.

Quanto a parte prática do curso, contribuiu para aproximar os alunos de alguma iniciativa de assessoria existente de interesse pessoal. Desta forma foi possível aplicar os conceitos assimilados nas aulas teóricas e entender melhor os desafios desse trabalho.

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